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Respeito e Carinho ao Ator Tarcísio Meira

Tarcísio e Glória formam o casal símbolo da teledramaturgia nacional. Juntos há quase seis décadas, eles estrearam a primeira novela diária da TV brasileira e se tornaram, desde então, queridos e aplaudidos por gerações de brasileiros que acompanharam as tramas pela TV, suas trajetórias artísticas na ficção e sua união de amor na realidade. Hoje, já afastados dos Estúdios Globo, têm seus nomes escritos na construção do gênero telenovela no país. Com seu talento, influenciaram novas gerações de atores e sempre colocaram o time das oito (agora das nove) nas primeiras posições.

Tarcísio Meira, Glória Meneses e o time das nove

Adaptada do romance homônimo de Blasco Ibañez (1867-1928), “Sangue e Areia” (1967), novela de Janete Clair (1925-1983), marcou a estreia dos já famosos atores Tarcísio Meira e Glória Meneses na novela das oito da Globo (hoje novela das nove), numa época em que a novela já era sucesso de público em outros canais, pois a telenovela já existia antes da Globo entrar no ar em 1965. Na verdade, a novela surgiu com o nascimento da TV nos anos cinquenta. Primeiro ao vivo, em dois ou três dias por semana, até que…

Em 1963, a TV Excelsior levou ao ar “2-5499 Ocupado” na hora do jantar, a primeira telenovela brasileira diária, adaptada de um original argentino e estrelada por Tarcísio Meira e Glória Meneses. Mas o sucesso do novo formato só veio mesmo com a explosão de “O Direito de Nascer”, em 1964, na TV Tupi, novela adaptada de um original cubano que arrebatou aquela geração de brasileiros. Aliás, foi a cubana Glória Magadan (1920-2001) que reinou nesse período na TV com seus dramalhões ambientados em países distantes do Brasil. No entanto, foi com “Beto Rockfeller” (1968), na TV Tupi, que os brasileiros passaram a se reconhecer nas tramas das novelas, porque o folhetim abordou o universo cotidiano brasileiro, seu falar coloquial e um anti-herói como protagonista, num momento em que a TV Tupi já não dispunha de recursos financeiros para produzir novelas com grandes cenários ou luxuosos figurinos. Desse modo, a novela acabou por revolucionar a linguagem do gênero no país e o público aprovou, forçando a concorrência a aderir ao novo formato.

E foi o que aconteceu. Os dias da cubana Glória Magadan e de seus dramalhões capa e espada estavam contados. Pouco a pouco, Janete Clair passou a assumir seu lugar na Globo quando deu outra perspectiva às telenovelas da emissora. O primeiro grande sucesso da autora foi “Irmãos Coragem” (1970), uma trama que misturava faroeste, romance e futebol. A novela causou grande impacto no período e, pela primeira vez, atraiu a atenção do público masculino para as telenovelas. E lá estavam Tarcísio Meira e Glória Meneses, que brilharam mais uma vez como o casal protagonista. A partir daí, a autora emplacou um sucesso atrás do outro no horário nobre, como “O Homem Que Deve Morrer” (1971) e “O Semideus” (1973). Estas com a dupla de sucesso Tarcísio Meira e Glória Meneses. Janete Clair ainda parou o país com “Selva de Pedra” (1972), “Pecado Capital” (1975) (substituta da censurada Roque Santeiro), “O astro” (1977), “Pai Herói” (1979), “Coração Alado” (1981) e outras. A autora ficou conhecida como a “Maga das Oito” ou “Nossa Senhora das Oito” e se tornou a mestra das novelas numa época em que a TV não tinha concorrência, pois era a grande novidade tecnológica do período.

Com o tempo, as primeiras emissoras saíram do mercado e a Globo consolidou suas produções. E Tarcísio Meira e Glória Meneses seguiram escalados para diversos elencos de telenovelas, ora como casal, ora separados, e se transformaram numa grande referência para o público e o meio artístico. A presença constante dos atores em cena oferece grandeza e credibilidade à história da telenovela brasileira. Hoje consagrados em suas carreiras, Tarcísio e Glória influenciam novas gerações de atores, sendo celebrados pela crítica e reverenciados pelo público brasileiro, e as novelas continuam solicitando o trabalho do casal de veteranos. Estiveram juntos em “A Favorita” (2008); Glória Meneses em “Totalmente Demais” (2016); Tarcísio Meira no remake de “Saramandaia” (2013) e, neste momento, em “A Lei do Amor”. Portanto, a história do casal de atores se confunde com a própria história da TV e da teledramaturgia nacional.

Se décadas atrás, quando chegaram à Globo, o time das oito era formado por Glória Magadan, Janete Clair, Lauro César Muniz, Gilberto Braga e Manoel Carlos, e a TV reinava sozinha na sala de estar sem concorrência, hoje, no século XXI, o cenário é completamente diferente. Nos dias atuais, a TV enfrenta a concorrência das novas tecnologias e outras formas de mídia, e a telenovela busca revigorar sua linha de criação ampliando o time das nove, agora formado por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, Glória Perez, Walcyr Carrasco, Aguinaldo Silva e João Emanuel Carneiro. Logo mais esse seleto grupo ganhará o reforço de Manuela Dias, autora das bem-sucedidas séries “Ligações Perigosas” e “Justiça”. Assim, o gênero que se originou do folhetim ainda tem muita história para contar e encantar. Nesse time, o que determina seu desempenho é a força da narrativa.

Angely Costa – Bibliotecária
Pós-Graduada em Literatura, Estudos Culturais e outras linguagens
Artigo publicado em, 15 de janeiro de 2017.
Jornal O Dia – Teresina – Piauí.