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PENSAR FORA DA CAIXA – APRENDER COM BOAS PRÁTICAS

Pensar fora da caixa no universo da gestão escolar é promover mudanças que afetarão, de forma significativa, os resultados do ensino, sejam de uma escola, de um município ou de um país. Uma boa estratégia de pensar fora da caixa é aprender com boas práticas que são confirmadas em resultados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).

O alto resultado no IDEBem 2017, de 9,0, alcançado pela Escola José Brandão de Albuquerque, localizada em Jericoacoara, um dos roteiros turísticos mais conhecidos do estado do Ceará, surpreendeu os telespectadores de telejornal no último dia 08 de fevereiro,coincidentemente, dia do meu aniversário —brindei, com um cafezinho quente, um Brasil que funciona quando o poder público e a sociedade civil têm em comum as mesmas metas.

O Ceará tem um importante diferencial na educação: funcionam, no estado, as 24 melhores escolas públicas do ensino fundamental, além das 77 entre as 100 públicas mais bem ranqueadas do país. Também se sabe que, no Ceará, existe um programa de incentivo e premiações por desempenho a escolas, servidores e alunos, além de os municípios com melhores notas receberem mais repasses estudantis. No entanto, quando o estudante Guilherme declarou na reportagem que: “Não precisa tá lá todas as salas com ar-condicionado, coisas super tecnológicas. É só ter alguém lá para ensinar as crianças, se preocuparem com elas que já dá certo”, encontramos a resposta para o sucesso da Escola José Brandão: afetividade.

Agora, falando do PISA, ranking mundial da educação, destaco a lição que veio da Colômbia, na série de reportagens apresentadas pelo Bom Dia Brasil, no período de 05 a 08/02/2019.O país da guerrilha virou o jogo, já está à frente do Brasil e gastando menos por aluno. O modelo de sucesso das séries iniciais no país é a “Escola Nova”, que estimula os estudantes à prática de resolução de problemas no grupo e o professor atua apenas como facilitador. O modelo estimula a autonomia e tomadas de decisões – a escola do século 20, da fileira e da aula expositiva que nos trouxe até aqui não dámais conta de formar estudantes lifelonglearner, ou seja, eternos aprendizes.E, ao falar da Colômbia e da “revolução silenciosa da educação” que acontece naquele país, não se pode esquecer da cantora Shakira, embaixadora da boa vontade da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). A cantora, em parceria com o poder público, mantém a melhor escola pública da Colômbia, a Institución Educativa Fundación Pies Decalzos. Com uma gestão compartilhada, a instituição vem ensinando e aprendendo que: “assim como na música e na vida, ninguém faz sucesso sozinho”.

Ainda sobreparcerias, há um bom exemplo mais próximo que vem lá do estado do Espírito Santo, onde está o melhor Ensino Médio do Brasil, a Escola Viva. O programa da Escola Viva oferece ensino integral e pedagogia inovadora junto com o Pacto pela Aprendizagem e o projeto Jovem do Futuro. Lá há aula de culinária para ensinar Geografia, brincadeiras na aula de Ciências, música para ensinar Língua Portuguesa. Os horários anunciam as aulas assim: 7h20 – Mundo Fashion; 8h10 – Professor Bugiganga; 9h00 – Clube da Esquina; 10h20 – Mundo dos Sabores; 11h00 – Relaxa,Bebê…! —um modelo de escola que nasceu de uma parceria entre empresários que doaram o projeto aoGoverno do Estado.

O diferente nessa iniciativa é que, independentemente de quem estejaà frente doGoverno, não haverá descontinuidade do projeto, pois o compromisso do movimento empresarial “Espírito Santo em Ação” é garantir, até 2030, vagas para todos que queiram estudar numa escola que oferte formação integral e em tempo integral. Assim, essas ações transformadoras levaram o Espírito Santo a receber, junto com Ceará e Santa Catarina, a Ordem Nacional do Mérito Educativo em 07 de março de 2017.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pode ser um ponto de partida para a construção de um currículo, formação de professores, avaliação, elaboração de conteúdos educacionais e critérios para a oferta de infraestrutura adequada que leve os estudantes a fazer parte do processo, e não a ser meros espectadores. A compreensão desse documento normativo deve ser o dever de casa dos gestores públicos que ainda não emplacaram gols na sua rede de ensino. A BNCC vai além da busca de proficiência em Português e Matemática obtida a partir do Saeb ou da Prova Brasil. Ela trata de competências gerais, que devem ser desenvolvidas de forma integrada aos componentes curriculares ao longo de toda a educação básica. Competências fundamentais, como: ter conhecimento do mundo físico, cultural, social e digital; pensamento científico, crítico e criativo; saber argumentar; entender o mundo do trabalho; conhecer suas emoções e a dos outros; fazer-se respeitar e promover respeito; responsabilidade e cidadania; entre outras.

Pensar fora da caixa em educação, portanto, implica abrir o leque de opções que existem de experiências e informações, seja em terras brasileiras ou não. A experiência da Escola Nova colombiana somada à da Escola Viva — projeto do movimento Espírito Santo em Ação — estão em consonância com as expectativas de aprendizagem da BNCC. A ousadia do cearense em estar escrevendo uma história diferente no ranking nacional do ensino — com destaque para a cidade de Sobral, onde a proficiência em Português e Matemática alcançou altíssimos resultadosem 2017— merece respeito e aplausos.

Educação liberta! Investir em educação oportunizaa fazer com que crianças e jovens acreditem no futuro e sejam os protagonistas da sua própria história.

Angelina Costa Cruz
Mestre em Computação Aplicada
Coordenadora do Colégio Gláucia Costa
Timon/ MA – 12/02/2019