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O jogo da vida

Nada substitui a agitação do cotidiano escolar, na vida de crianças e adolescentes. Pôr o uniforme, pegar a mochila, sair apressado após o café ou depois do almoço e lá encontrar colegas, amigos, professores, aulas, atividades, orientações, criatividade, jogos, recreação, brincadeiras, o burburinho na hora do lanche, o corre, corre do intervalo, a biblioteca, a leitura de livros, gibis, pesquisas, descobertas, as atividades culturais, esportivas, as novidades, o bate papo, a troca de ideias…

Enfim, encontrar o ambiente motivador e essencial à aprendizagem. E tudo isso junto, misturado mesmo, colabora não somente para o crescimento intelectual, mas também para os embates da vida. Por isso, causou-me espanto recentemente ver na TV, no programa dominical “Fantástico”, da Rede Globo, o depoimento de pais que retiraram seus filhos da escola, por considerá-la desnecessária à formação dos mesmos e, que inclusive existe a Associação Nacional de Ensino Domiciliar (ANED) que defende a ideia, ainda que à revelia do que determina a legislação nacional.

Ora, à despeito da existência desse tipo de experiência em outros locais, como simplesmente negar a importância da escola? Dos professores? Da sistematização formal do ensino? E mais: como não reconhecer a necessidade de interação, compartilhamento, amizade, diversidade, debates, conhecimento, confraternização, orientações, diálogo, de celebrar tradições, de destacar talentos, de preparar para cidadania? Como privar crianças e adolescentes de uma experiência tão abrangente e saudável para qualquer indivíduo?

Não compreendo. E é necessário reafirmar, caro leitor, que a escola (pública ou privada, com todas as dificuldades que ela possa ter) é sim, essencial à formação integral do educando; retirar esse direito fundamental de crianças e adolescentes é francamente desastroso, descabido e poderá influenciar de algum modo os pequenos e jovens em sua fase adulta, pois como já disse em outra crônica, a vida é feita de conflitos e aqueles que estiverem mais preparados para enfrentar desafios, sem dúvida terão mais sucesso em suas realizações.

A educação da redoma de vidro, aquela em que não é permitido aos pequenos tocar os pés na areia, ou se lambuzar em brincadeiras, porque podem sujar a roupa, não tem mais lugar na contemporaneidade. É na escola que crianças e adolescentes conhecem o mundo e a vida com ela é, sem disfarces, com tudo de bom e de ruim também. Por isso é necessário ensinar-lhes a voar como os pássaros, para que saibam buscar sozinhos respostas e soluções aos mais intricados desafios. Então, é preciso tocar os pés na areia e se deixar libertar, pois o jogo da vida começa é na escola.

LILI CAVALCANTI
(PSEUDÔNIMO DE ANGELY COSTA CRUZ – ESCRITORA – PROFESSORA E BIBLIOTECÁRIA DO COLÉGIO “GLÁUCIA COSTA”
PUBLICADO EM: 21/04/2014 – JORNAL MEIO NORTE (Teresina/ PI)