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NO RITMO DOS TAMBORES

E eis que a alegria contagiante do Carnaval invadiu ruas, becos, ladeiras e avenidas em todo o país, espantando a crise, a indignação, o mosquito e tudo mais, afinal os brasileiros fazem do Carnaval sua grande festa popular e democrática, que embala foliões de norte a sul do Brasil. E a tristeza? Como canta Caetano Veloso, nem podia pensar em chegar. Foi assim, também, em São Luís do Maranhão, na ilha do amor fundada por franceses, disputada por holandeses, mas finalmente colonizada por portugueses e transformada pela Unesco em Patrimônio da Humanidade.

Foi lá que o Carnaval, se fez no ritmo dos tambores, em diferentes circuitos que cruzaram a cidade com alegria e emoção. Ver o Carnaval dos ludovicenses, e compartilhar da riquíssima cultura presente na constituição dos diversos grupos carnavalescos e musicais, em São Luís foi algo espetacular e sem igual; o Carnaval da ilha tem luxo, tradição e originalidade. As manifestações culturais em São Luís, já se sabe, têm grande força e autenticidade, mas quão grande foi minha surpresa ao deparar-me com um Carnaval cultural temperado a tradições europeias e locais e com um repertório único, celebrado pelos ludovicenses.

A cidade que é patrimônio mundial, cultua sua história e cultiva uma autêntica tradição musical, a música popular maranhense (a chamada MPM), é tocada em rádios em toda a cidade, é festejada em bares, shows ou restaurantes e é vendida com sucesso a população e visitantes. E o Carnaval, é mais um momento para agregar essa cultura e oferecer ao público, que não deixou a cidade e aos turistas de todas as partes do mundo, todo o requinte de tradições e um Carnaval absolutamente diferente, como nunca se viu. A folia foi organizada em quatro circuitos, permitindo que toda a cidade participasse da festa, que tem uma quantidade surpreendente de grupos musicais e carnavalescos, e ainda chamam atenção por seus nomes e pela originalidade de repertório.

Curumim, Dragões da Madre Deus, Guajajaras, Kamayurá, Vagabundos do Jegue, Catarina Mina, Os Curingas, Príncipe da Meia Noite, Reis da Liberdade, Príncipe de Roma, Os Gladiadores, Bloco do Reggae, Os Fenomenais, Os apaixonados, Tambor de Crioula (vários grupos), Bicho Terra, Máquina de Descascar Alho, Bloco Tribal, Bloco Afro, Akomabu, Os Fanáticos, Tropicais do Ritmo… E por aí vai. E estes são somente alguns dos diversos grupos carnavalescos e musicais que inundam a cidade, de uma ponta a outra de alegria. E pasme, caro leitor, os grupos desfilam, se apresentam com fantasias luxuosas inspiradas em tradições europeias do século XIX. Assim, num ritmado tocar de tambores e com um figurino pra lá de original, São Luís festejou seu Carnaval com beleza, emoção e alegria.

Além dos diversos grupos, há ainda dez Escolas de Samba que se apresentam em dois dias na avenida e durante a festa de Momo o Complexo Histórico Reviver, mostra uma exposição de fantasias originais dos grupos existentes na cidade; Curinga, Mestre sala, Porta bandeira, Bicho Terra, ou o Fofão, símbolo do Carnaval maranhense, personagem inspirado na tradição europeia, que foi levado pelos portugueses à ilha, se tornando uma figura tradicional. Nos bailes, nas ruas, por onde passa, ele faz a festa. Enfim, o Carnaval dos ludovicenses encanta e convida todos a celebrar a diversidade cultural que enriqueceu a cidade e o coração dos maranhenses.

LILI CAVALCANTI – ESCRITORA
JORNAL MEIO NORTE – 15/02/2016