Skip to content

Na escola, não há mais espaço para exclusão

Pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada recentemente pelo jornal “Folha de São Paulo”, revelou a larga aprovação da sociedade brasileira, com a ideia de aceitação da homossexualidade por todos os indivíduos. O índice chega a 79% da população, indicando que a convivência de respeito às diferenças, a diversidade sexual, deve prevalecer, e que o combate ao preconceito é bem-vindo e necessário ao país. A pesquisa ainda constata que, com o passar dos anos a população que respeita a homossexualidade, só aumenta e esse fato sinaliza o quanto o debate nacional em torno do tema, tem contribuído para a reeducação da sociedade.

 

A pesquisa ainda apresenta o termo “aceitação”, mas na verdade já se compreende que, a palavra certa é respeito, pois  se ainda hoje, na segunda década do século XXI, parte da sociedade, a família e até s escola, ainda se cercam de posturas e atitudes de desrespeito e exclusão, contra a população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais (LGBT+), é porque infelizmente muitos insistem em se agarrar ao desconhecimento, e se associar erroneamente a ignorância, para simplesmente negar a realidade, e tapar o sol com a peneira. Em outra notícia recente, a própria justiça determinou ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inclusão de questões sobre a orientação sexual no censo 2022, para que a partir dessas informações, o estado brasileiro estabeleça ações e políticas públicas de apoio a essa população. Se ocorrerá de fato, ainda não se sabe. Mas, de qualquer modo, o que se observa é uma clara disposição da sociedade em avançar nessa discussão. Por isso, não há mais espaço para a exclusão de pessoas LGBT+, na família, na escola, e na sociedade de modo geral.

 

E como a família deve encarar essa situação, que pode surgir quando menos se espera? O melhor a se fazer é olhar para os seus com amor, carinho, respeito e atenção, afinal se pais ou responsáveis assim não agir, o que esperar dos outros? É mais fácil desprezar? Entregar a rua? E seguir em frente, como se nada tivesse acontecido? Pode ser, mas o certo é que não existe ex-mãe, ou ex-pai; o que existe é uma família que precisa se encontrar e se ajudar. Na verdade, é com sensibilidade, generosidade, compreensão e acolhimento que se pode contribuir. É necessário rever conceitos, ler, estudar, se atualizar, buscar os novos conhecimentos, mas sobretudo olhar os seus com amor, e não permitir preconceito ou injustiça. Se não houver essa disposição da família, para a conversa franca e o abraço afetuoso, o bode não vai sair da sala, e todos seguirão infelizes com suas vidas.

 

A escola contemporânea é naturalmente um palco de conflitos, onde as discussões são calorosas, é a porta de entrada para novas ideias, é um campo de novas conquistas, e construção de conhecimentos. Nesse contexto, o educando aprende com liberdade, empatia, companheirismo, tolerância, enfim. A escola que hoje se propõe, a empreender propostas pedagógicas modernas, e em sintonia com a sociedade atual, também saberá incluir com naturalidade pessoas LGBT+ a partir do respeito, por meio de debates, palestras, rodas de conversa, valorização de cada talento e ampla participação nas diversas atividades escolares; culturais ou esportivas, porque todos tem direito de estar na escola, e ser bem acolhido.

 

No entanto, infelizmente, ainda existe no país aquele tipo de escola que parou no tempo e acredita, que a educação se carrega numa mala fechada, e não se desprende de velhas ideias; também fazem de sua prática pedagógica uma verdadeira colcha de retalhos, fundamentada em coisa nenhuma, ou seja, sem norte segue por qualquer direção, sem saber na verdade, quem está formando. Nessa escola, tenha certeza caro leitor, nenhum educando será inteiramente incluído, e pessoas LGBT+ serão facilmente excluídas, por posturas, falas, atitudes e manifestações preconceituosas, pela falta de empatia, e pela ignorância em não tratar temáticas, do interesse do educando e da sociedade atual, no espaço escolar.

 

Portanto, a escola (o conjunto das instituições escolares), precisa assumir sua responsabilidade no processo de conscientização social, e orientar educandos para o respeito, cooperação e a convivência de paz com pessoas LGBT+. A escola contemporânea deve promover o exercício de pensar, e não excluir pessoas por nenhum tipo de diferença, ao contrário, é sua a função de acolher e de conduzir todos ao sucesso escolar e profissional. Educadores precisam mostrar lições de amor, cidadania e democracia, porque na escola não há mais espaço para exclusão.

 

Angely Costa – Professora, Bibliotecária e Escritora

 

Artigo publicado: Jornal o Dia, 29 de junho de 2022.