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Monteiro Lobato, paixão pelo Brasil

O dia 18 de abril, dedicado ao livro infantil no Brasil, é uma justíssima homenagem a José Bento Monteiro Lobato, que nasceu na mesma data em Taubaté – SP em 1882. Formou-se em Direito e chegou a ser promotor público, mas abandonou o cargo e com ousadia passou a se dedicar a literatura.

Monteiro Lobato manteve uma atividade intelectual intensa em seu tempo e iniciou sua carreira de escritor publicando os primeiros contos no jornal O Estado de São Paulo; mais tarde, em 1918, publicou sua primeira coletânea de contos, Urupês, no qual um de seus personagens, Jeca Tatu se tornou célebre no imaginário nacional e chamou a atenção de Rui Barbosa.

Intelectual engajado em causas nacionalistas, como a siderurgia e o petróleo, Monteiro Lobato foi um escritor de ações ousadas também. Em 1917, comprou a Revista do Brasil, onde já havia publicado artigos, e mais tarde montou sua própria editora, que não obteve êxito comercial, mas lançou grandes autores nacionais.

Nesta fase dedicou-se fortemente à promoção da literatura infantil, fez dos recursos ficcionais divulgadores didáticos da Matemática, Geografia, História das Ciências e se tornou a paixão nacional de muitas gerações de crianças no país.

Assim, publicou diversas obras, entre elas Reinações de Narizinho (1921), O saci (1921), O marquês de Rabicó (1922), Viagem ao céu (1932), O Pica-Pau Amarelo (1939), obras em que criou uma galeria de personagens inesquecíveis: Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Nastácia, Emília, Visconde de Sabugosa e outros. Sua obra conquistou gerações de leitores e permaneceu por longo período como programa infantil da TV, ganhando prêmio internacional.

Entre os títulos de literatura geral, O escândalo do petróleo e do ferro (1936), é fruto de sua defesa convicta das riquezas nacionais; suas ideias nacionalistas, aliás, o levaram a ser perseguido e preso pelo Estado Novo. Publicou também Cidades mortas (1919), Negrinha (1920), A onda verde (1921) e O macaco que se fez homem (1923), obras em que mostra sua preocupação com o país.

Curiosamente em 2010 o Conselho Nacional de Educação condenou sua obra por (segundo este) dar vazão ao racismo, explicitando a falta de bom senso que por vezes entorpece a visão dos senhores ideólogos da educação.

A verdade é que, em recente pesquisa do Instituto Pró-Livro, Monteiro Lobato se destaca como um dos autores mais queridos e admirados do Brasil. Afinal, sua obra permanece viva na memória dos brasileiros.

LILI CAVALCANTI
(PSEUDÔNIMO DE ANGELY COSTA CRUZ – ESCRITORA – PROFESSORA E BIBLIOTECÁRIA DO COLÉGIO “GLÁUCIA COSTA”
PUBLICADO EM: 20/04/2012 – JORNAL MEIO NORTE (Teresina/ PI)